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Relação da puberdade com a aprendizagem

Na primeira metade da adolescência, quando ocorre a puberdade, a idade cronológica não indica necessariamente a maturidade cognitiva e comportamental. O estágio da puberdade também impacta no comportamento e na capacidade de aprender.

Alunos que maturam antes, em geral, podem ter mais facilidade com o conteúdo acadêmico, provavelmente associada à maior maturidade cerebral. Além disso, estudantes meses mais velhos que seus colegas de mesma classe também tendem a ter melhor desempenho na escola.

Portanto, a combinação de menor idade (mesmo que em meses) e um desenvolvimento puberal mais tardio comparado ao dos colegas podem ter dificuldades escolares. Essas dificuldades tendem a ser superadas com o passar do tempo. Contudo, ter dificuldades na escola em alguma época da vida pode dificultar muito que um aluno consiga se recuperar mais tarde em termos escolares, pois terá perdido a oportunidade de aprender conceitos necessários para compreender as matérias seguintes.

Assim, esses adolescentes mais jovens e imaturos fisiologicamente merecem uma atenção especial dos professores para que não fiquem para trás, em especial porque tenderão a ser socialmente menos aceitos por sua aparência e comportamento imaturos, resultando em problemas sociais que pode diminuir seu desempenho acadêmico ainda mais.

Isso não é raro de acontecer no começo da adolescência. Relembrando: o início da puberdade, isto é, o aparecimento dos primeiros sinais da puberdade, é considerado normal em meninas se ocorrer entre 8 e 13 anos e nos meninos, entre 9 e 14 anos. Em geral, quase todas as meninas terminaram a puberdade em torno dos 15 anos. No caso dos meninos, isso ocorre por volta dos 16 anos. Porém, o curso da puberdade, do começo ao fim, pode ocorrer entre 1,5 a 6 anos e tudo isso varia muito de adolescente para adolescente, o que é normal.


No outro extremo, adolescentes mais velhos e/ou com um desenvolvimento puberal mais avançado também terão comportamentos distintos dos de seus colegas de classe. Por exemplo, podem ser mais irritados e perder mais o controle emocional ou apresentar mais sinais de depressão (em especial meninas). Podem, ainda, apresentar uma vulnerabilidade causada por sua tendência de se associar a adolescentes mais velhos sem que ainda tenham a maturidade para lidar com possíveis atividades por eles realizadas (ex. consumo de álcool).

Parte do melhor desempenho acadêmico de jovens mais maduros sexualmente do que seus pares de mesma idade têm a ver com habilidades cognitivas associadas potencialmente a um cérebro mais maduro (melhor foco, autorregulação, etc., como explicado a seguir). Mas não se pode esquecer que a imaturidade cerebral também tem impactos psicossociais (ex. regulação emocional e de impulsos, comportamentos sociais, etc.) que podem ser trabalhados na escola e também são discutidos abaixo.

Além disso, deve-se considerar outros aspectos ligados à puberdade que envolvem aumento de vulnerabilidade  de adolescentes, incluindo dificuldades de foco, organização a sonolência.

Referências bibliográficas

Fernandes, E. C. (2015). Saúde do adolescente e do jovem: crescimento e desenvolvimento físico, desenvolvimento psicossocial, imunizações e violência. Recife : Ed. Universitária da UFPE, 58 p. ISBN: 978-85-415-0858-2. Disponível em https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/9260

Peña, P. A. (2017). Creating winners and losers: Date of birth, relative age in school, and outcomes in childhood and adulthood. Economics of Education Review, 56, 152-176. Doi: 10.1016/j.econedurev.2016.12.001

Torvik, F. A., Flatø, M., McAdams, T. A., Colman, I., Silventoinen, K., & Stoltenberg, C. (2021). Early Puberty Is Associated With Higher Academic Achievement in Boys and Girls and Partially Explains Academic Sex Differences. Journal of Adolescent Health, 69(3), 503-510.

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