“Dificuldades e obstáculos são fontes valiosas de saúde e força para qualquer sociedade.” Albert Einstein, insigne físico alemão, salientou a ideia de que o corpo social possui todos os recursos necessários para suprimir quaisquer contratempos. Todavia, quando se observa os impactos sociais causados pela Inteligência Artificial (IA), é nítido que a premissa de Einstein apresenta entraves para a sua consumação. Assim, observa-se a necessidade de discutir sobre os alicerces que sustentam essa temática, com foco na IA como ferramenta educativa e na exclusão digital.
Em primeira instância, a Inteligência Artificial é capaz de auxiliar alunos e professores em suas respectivas atividades. Conforme o sociólogo espanhol Manuel Castells, a tecnologia pode ajudar no processo de ensino e aprendizagem, tornando-o mais otimizado e eficiente. A esse respeito, o uso de IAs na construção de plataformas educativas e chatbots interativos permitem que o aluno percorra trilhas de estudo personalizadas de acordo com o seu desempenho, de modo a estimular suas aptidões e dificuldades, além de proporcionar aos docentes um feedback da situação escolar dos seus discentes. Dessa forma, a instauração de tecnologias da informação na experiência de aprendizagem possibilita o aperfeiçoamento da educação.
Entretanto, os benefícios da IA no âmbito escolar não são plenamente usufruídos por uma parcela significativa de estudantes no Brasil. De acordo com dados estatísticos do IBGE, no ano de 2021, dos 3,6 milhões de discentes sem acesso à internet ou aparelhos eletrônicos, 94,7% eram de escolas públicas. Nesse viés, alunos sem uma infraestrutura tecnológica adequada são privados de serviços e inovações da Inteligência Artificial que auxiliam no estudo. Em suma, enquanto uma parte de alunos for excluída tecnologicamente, o acesso democrático às IAs será uma realidade distante.
Infere-se, portanto, que o impasse precisa ter suas fundações desfeitas. Cabe ao governo, em especial ao Ministério da Educação, garantir o acesso à tecnologia para os estudantes, por meio de projetos que invistam na infraestrutura digital das escolas públicas, como computadores e redes de internet gratuitas, com o intuito de tornar possível a utilização da IA nos processos de ensino-aprendizagem de forma igualitária. Quiçá, nessa via, não teremos mais uma “pedra no caminho” como ressaltou Carlos Drummond de Andrade.
Fonte: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/banco-de-redacoes/19994
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